
A ponta Mari parece ainda não ter digerido o seu corte dos Jogos
Olímpicos de Londres. Em entrevista à Revista Istoé 2016, que será
veiculada na quinta-feira e a qual o UOL Esporte teve acesso com exclusividade, a jogadora detonou o técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães.
“Fui injustiçada. Não tenho mais relacionamento com ele e não faço a
menor questão de ter”, falou a jogadora. “Não estou pensando em seleção.
Sinto o dever cumprido pelo que já fiz. Se eu voltar para a seleção é
porque quero e gosto, não porque preciso”, completou.
Zé Roberto optou pelo corte de Mari três semanas antes da Olimpíada. Na
ocasião, alegou que as coisas não andaram bem e que não sentia ‘a mesma
energia da atleta’. O técnico, então, optou por levar Tandara como
reserva de Sheilla e ter Natália, que se recuperava de cirurgia, como
opção na ponta.
Mari, porém, insiste que até agora não entende o motivo de ter ficado
fora da campanha que valeu o bicampeonato olímpico para a seleção
brasileira. “Eu acho que é fácil pra ele falar certas coisas, que minha
energia não era boa, que ele me deu toques. Agora, fica na consciência
dele. Passei três ciclos olímpicos para, no último minuto, ser cortada. O
Zé Roberto não se importou com o que acrescentei à seleção. Ele agiu
muito mal”, reclamou.
O UOL Esporte apurou, porém, que a situação de Mari
estava complicada na seleção. Pessoas próximas ao grupo relatam que
durante a preparação para os Jogos ela chegou a deixar a concentração em
Saquarema para dormir fora, sem dar satisfações. A situação não foi bem
aceita inclusive por algumas jogadoras.
Entre a comissão técnica, era unanimidade que Mari não vinha rendendo o
que podia. Em São Carlos, ela ficou fora do Pré-Olímpico pois estava
com três lesões e precisava se tratar. Quando se recuperou fisicamente,
deixou a desejar dentro de quadra. Internamente, o discurso era de que
valia muito mais a pena levar Tandara a Londres do que Mari. Agora, tudo
ficou no passado para a ex-camisa 7 da seleção.
“O Zé Roberto segue a vida dele e eu, a minha. Ele não precisa de mim
nem eu dele. Cada um tem que seguir seu rumo. Quando saí, todas as
meninas choraram e vieram falar comigo. Disseram que, na semana do
corte, o clima dos treinos ficou ruim”, critica Mari. "Provavelmente com
ele lá, acho que nem eu nem ele queremos! Mas não sei, tudo pode mudar
na nossa vida", reiterou, em entrevista por e-mail à reportagem.
A jogadora externou ainda que, nos Jogos Olímpicos, o grupo estava
rachado com o técnico em função do desgaste dos vários anos de trabalho
seguidos. “O meu corte atrapalhou muito o grupo. Sei disso porque falo
com as jogadoras. As meninas se fecharam e se uniram para conseguir o
título. A relação entre o Zé Roberto e as atletas estava muito
desgastada. Se elas não tivessem parado e conversado pra fazer tudo de
novo, o ouro não teria acontecido. Elas são realmente as grandes
merecedoras da medalha”, afirmou.
Em Londres, de fato, houve uma reunião após a péssima campanha na fase
de classificação. Antes disso, Zé Roberto se reuniu com a comissão
técnica durante a madrugada e debateu como seria o papo com as
comandadas. A conclusão foi que não adiantaria brigar. O pedido, então,
foi um só: “Joguem por vocês. Pela honra, pelo nome de vocês”, disse um
dos membros da comissão, durante uma longa reunião com o grupo, que
emocionou várias atletas.
Procurado pelo UOL Esporte, José Roberto Guimarães não quis comentar as duras críticas que recebeu, e disse apenas que respeitará a opinião da atleta.
Mari, agora, diz até mesmo que poderia defender a seleção da Alemanha.
“Eu tenho opção a de jogar na seleção alemã também se quiser, porque
tenho passaporte alemão. Opções eu tenho. Se quiser jogar mais um
Mundial e Olimpíada, posso fazer isso Alemanha. Sou muito amiga do
Giovanni Guidetti, italiano que comanda a equipe. E ele ficou sabendo
que tenho possibilidade de pegar o passaporte. Tenho a documentação já
pronta para pegar. E quando ele soube disso, na hora veio falar comigo
para conversar a respeito.”
Mari ainda negou que o motivo de seu corte tenha sido um suposto mau
relacionamento com a ex-companheira Sheilla. “Tenho um ótimo
relacionamento com a Sheilla e a família dela. Antes de Londres, eu fui
para Belo Horizonte, visitei sua família, passei o dia inteiro com a avó
dela. A gente é amiga e se fala. Conversei muito com a Sheilla antes e
durante a Olimpíada.”
fonte: uol vôlei
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