
O treinador brasileiro Paulo Coco, atual comandante do Pinheiros/Mackenzie e auxiliar-técnico de José Roberto Guimarães da seleção feminina, vive um drama por sua passagem pela Espanha. Convidado a treinar a equipe de Murcia no meio da temporada 2006/2007, o técnico permaneceu no time também por mais um ano, nos quais sagrou-se campeão da Copa da Rainha, bicampeão Espanhol, campeão da Top Teams Cup (hoje Copa CEV) e bicampeão da Supercopa. No entanto, tanto o técnico quanto algumas jogadoras brasileiras ainda brigam por acerto salarial com o clube.
À época, na primeira temporada de Coco, o time do “badalado” presidente Evedasto Lifante contava com estrelas internacionais, como a russa Lioubov Sokolova, a polonesa Malgorzata Glinka, a norte-americana Nancy Metcalf e a dominicana Annerys Vargas, além de posteriormente contratar a brasileira Fernanda Venturini. Em 2007/2008 o time manteve Paulo Coco, mas se reformulou, com a contratação de três brasileiras – Fofão, Walewska e Jaqueline.
“Como tudo na temporada anterior tinha acontecido da melhor maneira possível, não tive dúvidas em renovar o meu contrato”, afirmou Paulo Coco ao Melhor do Vôlei. “Tínhamos avião fretado, ônibus de primeira qualidade, salários em dia, inclusive com direito a pagamento antecipado antes da terceira partida das finais da liga espanhola. A estrutura do clube era muito boa e nós tínhamos tudo o necessário para desenvolver um bom trabalho”, contou.
“Dentre os principais motivos da minha ida para lá estava a possibilidade de dirigir um clube europeu de grande porte e de conhecer mais profundamente as atletas (que seriam nossas adversárias pela seleção), além de continuar na seleção brasileira sem empecilho algum por parte do clube”, acrescentou.
O Murcia começou a temporada 2007/2008 (a segunda de Coco) assim como terminou a anterior, conquistando título – desta vez o bicampeonato da Supercopa. No entanto, depois disso, segundo Paulo Coco, após ele e as jogadoras de seleção voltarem da Copa do Mundo, o entrave entre a diretoria da equipe e o elenco começou.
“Após a Supercopa, cinco atletas e eu tivemos que deixar a equipe temporariamente para a disputa da Copa do Mundo. Quando saímos estava tudo dentro do esperado, com o treinamento evoluindo e os compromissos do clube sendo cumpridos”, disse.
“Mas na volta do Japão os problemas não pararam de acontecer. A administração do time começava a ficar comprometida com todos os problemas que aconteciam, dentre eles salários atrasados, atrasos no pagamento dos aluguéis dos apartamentos das atletas e corte de água e luz dos mesmos, além de problemas com o pagamento dos aluguéis dos automóveis dos estrangeiros, caso que teve inclusive a retirada dos carros pela polícia”, apontou.
Mesmo após todos esses incidentes, o elenco continuou comprometido e disputando a Superliga Espanhola. Durante a Copa da Rainha, todos os membros da comissão técnica e as atletas deram um voto de confiança para a presidência. Inclusive, receberam da diretoria cheques de garantia de pagamento (os chamados Pagarê na Espanha, uma espécie de nota promissória) e, assim, todos acreditaram que tudo ia se regularizar.
“Puro engano. Apesar disso e após reunião entre os membros da comissão técnica e atletas, ficou decidido que faríamos a nossa parte até o final, respeitando o compromisso feito com o clube e seu presidente, ao qual todos cumpriram com muita dignidade e compromisso ético” afirmou Paulo Coco. “Sempre com a promessa do presidente de que teríamos nossos contratos cumpridos antes do final da temporada, o que não ocorreu até hoje. A minha maior decepção foi ter confiado em Evedasto Lifante, presidente do C. A. Voleibol Murcia 2005”, desabafou o técnico brasileiro.
A campeã olímpica, Jaqueline Carvalho também falou ao Melhor do Vôlei. “Me preocupa tudo isso, porque querendo ou não perdemos um ano de trabalho e é muito tempo. Além do mais perdemos muito com isso pois gastávamos dinheiro do nosso próprio bolso para pagarmos nossas despesas ali”, enfatizou a jogadora.
Fonte: Melhor do Vôlei
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